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Quem nunca se encantou por uma concha na praia e chegou até a levá-la para casa. A natureza cria joias únicas e verdadeiras que muitas vezes passam despercebidas e sem a devida atenção. As conchas e os moluscos são utilizados para pesquisas, na alimentação, na religião, inspiram a arquitetura e as artes. Se vemos uma concha como uma pedra, não imaginamos que ela é produzida por um animal e que se poluirmos as áreas oceânicas essas espécies vão deixar de existir e exercer seu papel ecológico.

A Universidade Federal de juiz de Fora (UFJF) abriga no seu Museu de Malacologia Prof. Maury Pinto de Oliveira (localizado no Instituto de Ciências Biológicas – ICB) mais de 200 mil espécies de moluscos e conchas marinhas, terrestres e de água doce do Brasil e do mundo. Além de preservar a coleção biológica, o Museu permite o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à moluscos.

Segundo a professora Sthefane D’ávila, curadora do Museu, antigamente os moluscos eram preservados em álcool, pois é uma substância que conservava o material durante anos, sem perder a forma, para se estudar no futuro. A ciência avançou e por volta da década de 80 surgiu uma nova área da ciência denominada de biologia molecular.

“O álcool é um bom preservador de DNA. Hoje em dia as pessoas pegam aquele material preservado há anos e através de uma amostra consegue extrair o DNA e realizar pesquisas sobre evolução, filogenia e outras diversas áreas. Aquele pesquisador que guardou o conteúdo não imaginou que, no futuro, existiria uma tecnologia dessa, que pudesse usar aquele material preservado para fazer várias descobertas científicas. Então, estamos preservando coisas que não sabemos que tecnologias gerações futuras terão para empregar no estudo desse material. Nosso papel é preservar porque lá na frente, com certeza, as pessoas vão lançar um outro olhar, e utilizar out17ras ferramentas e tecnologias”.

Uma coleção biológica é um retrato da biodiversidade. Através dela podemos conhecer qual é nossa fauna e, de acordo com a professora, ao longo do tempo uma das preocupações é a perca da biodiversidade e extinção das espécies sem nem conhecermos. A coleção preserva essa informação.

A pesquisa através dos moluscos

Preservar é importante para a história, para o desenvolvimento, para a ciência, para a produção de conhecimento e para soluções nunca antes imaginadas.

Desse modo, a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFJF, Bianca Sartini, orientada pela doutora Sthefane, está executando o seu projeto “Taxonomia integrativa de fisídeos neotropicais”, com o objetivo de investigar a diversidade oculta de moluscos gastrópodes (caramujos) de água doce.

Os caramujos, de acordo com Bianca, são “comumente encontrados entre a vegetação de valas, lagoas, lagos, córregos e rios. E, podem ser hospedeiros intermediários de vermes, como por exemplo, aqueles causadores da dermatite cercariana em humanos”.

“A identificação precisa de uma espécie é fundamental para a implementação de medidas de controle biológico, diagnóstico e prevenção de doenças, uma vez que espécies diferentes podem apresentar respostas diferentes às medidas de controle”, destaca a doutoranda.

Para a realização desse estudo, serão analisadas populações de fisídeos (caramujos da família Physidae) depositados nas coleções de Mollusca do Museu de Malacologia Prof. Maury Pinto e de outras coleções malacológicas nacionais, como a coleção de Malacologia Médica do Centro de Pesquisas René Rachou (CMM- CPqRR/FIOCruz), coleção de moluscos do Museu de Zoologia da USP (MZUSP) e Instituto Oswaldo Cruz (CMM-IOC). Também seriam analisadas as coleções do Museu Nacional (MN), perdidas no incêndio do dia 02 de setembro de 2018.

 

Paulo César Rosa / Fadepe

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