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A inclusão de Pessoas com Deficiência (PCD) no mercado de trabalho vem ganhando espaço nos debates sociais e empresariais, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Segundo Nádia Ferreira de Faria Braga, Servidora da UFJF e especialista no tema, o cenário atual é significativamente melhor do que há alguns anos, mas o progresso ainda é tímido. “Atualmente temos um cenário bem mais desenvolvido do que há alguns anos. Percebemos a inserção de um quantitativo maior de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, ainda que esse crescimento seja tímido e insuficiente.”

 

Nádia Ferreira de Faria Braga – Servidora da UFJF

 

Esse avanço, de acordo com Nádia, está diretamente relacionado às políticas de ações afirmativas e incentivos oferecidos às empresas, além de um maior acesso de PCDs à educação superior. No entanto, muitos desafios ainda persistem. A remoção de barreiras arquitetônicas, digitais e atitudinais continua sendo um dos principais obstáculos para a inclusão plena de PCDs no ambiente de trabalho.

Além das adaptações físicas, a conscientização das equipes e a mudança de mentalidade são fundamentais para que a inclusão seja efetiva. “A compreensão de que as pessoas com deficiência são capazes e têm total competência para atuar em determinadas empresas, por exemplo, é um desafio a ser transposto.”

Outro ponto essencial, segundo Nádia, é o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a acessibilidade no ambiente de trabalho. Ela ressalta a importância de garantir não só a inserção de PCDs no mercado, mas também de proporcionar condições adequadas para o seu desenvolvimento e permanência. “A garantia de um ambiente inclusivo perpassa não só por acessibilidade física, mas também por formação continuada das equipes, capacitação para lidar com as diferenças, garantia de acessibilidade comunicacional com presença de intérpretes, por exemplo.”

Desafios e superação

Para Beatriz Aparecida Melo Rocha, Trabalhadora da Fadepe e pessoa com deficiência física, a inclusão no mercado de trabalho é algo vivido na prática, com muitos desafios ao longo do caminho. Ela conta que, no início de sua carreira, enfrentou diversas dificuldades, principalmente por não conhecer a Lei de Cotas para PCDs, e, por isso, buscava vagas convencionais. “Era muito difícil, até porque as pessoas te julgam pela sua condição física e não pela sua capacidade e vontade de aprender e se superar.”

 

Beatriz Aparecida Melo Rocha – Trabalhadora da Fadepe

 

Um dos momentos mais desafiadores para Beatriz era o período de experiência nas empresas. Ela relata que sempre se sentia pressionada a provar sua competência para evitar perder a oportunidade.

Com o tempo e maior divulgação da Lei de Cotas, Beatriz começou a se candidatar a vagas específicas para PCDs, o que facilitou sua inserção no mercado. No entanto, ela destaca que, mesmo com a legislação, muitas empresas ainda não estão preparadas para apoiar o crescimento e a inclusão de pessoas com deficiência. “Sim, graças aos incentivos e maior fiscalização por parte do governo, as vagas de trabalho para deficientes foram sendo divulgadas e as empresas foram obrigadas a preencherem essas vagas e se adequarem à necessidade do trabalhador.”

Para ela, além de garantir o cumprimento da lei, é crucial que as empresas acreditem na capacidade das pessoas com deficiência e ofereçam um ambiente de trabalho adequado às suas necessidades. “Existem muitas pessoas que são julgadas pela condição física e não têm a oportunidade de mostrar que são muito mais que só um candidato a uma vaga na lei de cotas.”

Apesar dos avanços, Beatriz observa que ainda há muito a ser feito. “Algumas (empresas) realmente só preenchem a vaga e não acompanham, incentivam e/ou possibilitam o crescimento profissional do candidato, pois ainda há o preconceito e a falta de empatia.”

Inclusão e comunicação no ambiente de trabalho

Daiara Rosa Campos de Oliveira, trabalhadora da Fadepe e pessoa surda, compartilha sua experiência ao entrar no mercado de trabalho: “um dos maiores desafios é a comunicação, muitas vezes não consigo entender o que as pessoas falam.”

Ao longo de sua carreira, ela não percebeu grandes avanços no ambiente corporativo no que diz respeito à inclusão de pessoas com deficiência auditiva, destacando que as barreiras de comunicação continuam sendo um grande obstáculo.

Para que uma empresa seja verdadeiramente inclusiva para pessoas surdas, Daiara aponta uma das principais adaptações necessárias: “ter mais comunicação através das libras (Língua Brasileira de Sinais), para eu entender melhor as demandas”.

Por fim, ela reforça que “promover maior conscientização, cursos de libras,” são medidas que acredita serem fundamentais para transformar as empresas em espaços mais acolhedores e acessíveis para todos.

 

Daiara Rosa Campos de Oliveira​ – Trabalhadora Fadepe

 

O caminho para um mercado de trabalho inclusivo

Embora o cenário de inclusão de PCDs no mercado de trabalho tenha melhorado nos últimos anos, a realidade ainda está longe do ideal. É necessário um esforço conjunto de empresas, governo e sociedade para garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso a um ambiente de trabalho que seja verdadeiramente inclusivo, respeitando suas habilidades e proporcionando condições adequadas para o seu desenvolvimento.

Como apontado por Nádia, Beatriz e Daiara, a inclusão não é apenas uma questão de cumprir cotas, mas de garantir que as PCDs sejam tratadas com respeito e tenham a oportunidade de crescer e se desenvolver em suas carreiras. O investimento em acessibilidade, educação e conscientização é o caminho para que as pessoas com deficiência sejam vistas e valorizadas em sua totalidade, contribuindo de forma significativa para o mercado de trabalho e para a sociedade como um todo.

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