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Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no laboratório do Instituto de Ciências Biológicas, tem o objetivo de auxiliar na contenção da metástase no tumor de mama e facilitar o tratamento desse câncer, uma das causas mais frequentes de morte entre as mulheres.

O câncer de mama é um tumor maligno que se desenvolve em decorrência de alterações genéticas em algum conjunto de células da mama, que passam a se dividir de modo indiscriminável. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam-se 59.700 casos novos de câncer de mama no Brasil, para cada ano do biênio 2018-2019, com um risco considerado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. No país, é o tipo de câncer que mais atinge as mulheres, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma.

No mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o câncer é a segunda principal causa de morte e responsável por 9,6 milhões de casos em 2018, sendo que os casos mais comuns de câncer são de mama e pulmão com 2,09 milhões pessoas acometidas.

Pesquisadores trabalham para evitar o crescimento tumoral

A professora da UFJF e orientadora, Jacy Gameiro, e a doutoranda da área de imunologia, Ana Cristina Moura, através da sua pesquisa (“Silenciamento das metaloproteinases MMP9 e MMP13 em modelo de câncer de mama murino”), começaram a estudar o câncer de mama a partir do modelo de obesidade. A pesquisa conta com a colaboração do professor Frederico Pittela, da Faculdade de Farmácia da UFJF, que trabalha com a linha de pesquisa RNA (Ácido Ribonucleico) Interferência.

De acordo com a professora, existem poucos estudos de obesidade relacionados a doenças. A relação, principalmente em humanos, é que o prognostico é pior para mulheres que são obesas ou com sobrepeso.

“Temos esse dado que mostra essa piora. Alguns dados também mostram que os obesos não respondem tão bem ao tratamento convencionais. Ou seja, tem alguma coisa que faz que o tratamento não seja tão eficiente, que o número de metástase [quando o câncer se espalha além do local onde começou – sítio primário] seja maior, que tudo seja mais grave em termos do tumor para os indivíduos obesos e a nossa ideia é conseguir traçar o porquê de a obesidade levar ao agravamento do tumor. Ainda não temos a confirmação de que a obesidade pode induzir ao aparecimento de tumores, mas o que se tem é que quando ele aparece é mais grave”, destaca Jacy.

Um dos objetivos é entender qual a relação da obesidade com o tumor e o sistema imunológico que permite que isso aconteça. A partir daí a professora esclarece que é possível traçar quais moléculas estariam super expressas e quais poderiam ser usadas ou investigadas para que se consiga uma terapêutica melhor, o que não beneficia apenas obesos, pois, uma vez que se consegue traçar moléculas que na obesidade estão super expressas, elas também podem ser auxiliares de outras vias, mesmo para pessoas não obesas.

“Estudar a obesidade acaba culminando numa terapia, porque você vai vendo os processos de como isso pode originar um câncer mais grave, metastático, de maior volume e de tendência com maior mortalidade. Se você consegue desenhar esse panorama você consegue abordagens terapêuticas mais eficientes e inovadoras”, afirma Jacy.

Duas moléculas super expressas metaloproteinases relacionadas com o processo metastático foram identificadas através da pesquisa de mestrado da estudante Ana Cristina e, com isso, em colaboração com professor Frederico, foi desenhada uma molécula para tentar interromper ou diminuir esse processo; silenciar.

No doutorado da estudante os pesquisadores começaram a construir uma sequência para tentar silenciar o processo metastático (de progressão tumoral que é a pior parte do tumor) por meio do RNA de interferência (responsável pela produção de proteínas em cada uma das células do organismo). De acordo com Ana, “os problemas dos tratamentos hoje em dia são exatamente nos processos metastáticos e, então, propomos silenciar essas moléculas para tentar novas abordagens terapêuticas”.

Foi devido ao estudo da obesidade que se descobriu que essas moléculas são super expressas. Mesmo em um tumor de mama normal ainda não se tinha descoberto a supressão dessas moléculas.

O resultado da pesquisa caminha para a apresentação de um tratamento que se aplicaria a qualquer mulher e não somente obesas. De acordo com Jacy, os tratamentos deveriam ser mais individuais, cada mulher com câncer de mama tem uma bagagem genética e imunológica diferente, portanto, uma resposta distinta.

“Tem mulher que responde muito bem a quimioterapia, outras não. Mas, se você impede, um pouco que seja, da migração da célula tumoral [que causará a metástase], você tem mais tempo para o tratamento, mesmo que convencional, agir”, destaca.

A ideia principal da pesquisa é conter o tumor e facilitar o tratamento. Jacy acredita que algumas mulheres poderiam responder de uma forma tão positiva que conseguiria reprimir o tumor ou, ainda, permitiria um crescimento tumoral bem menos acelerado, dando mais tempo para o tratamento. A pesquisadora conclui que “é essencial identificar o tumor primário para, assim, aplicar uma terapia eficiente e se existe algo que não permite metastizar, temos uma terapia mais eficiente”.

Outubro Rosa e a prevenção do Câncer de Mama

Na década de 1990 começou o movimento que chamamos de Outubro Rosa. O mês de conscientização busca estimular a participação da população no controle do câncer de mama, com o objetivo de compartilhar informações sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.

De acordo com o INCA, a orientação atual é que a mulher faça a observação e a autopalpação das mamas sempre que se sentir confortável para tal (no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano).

A detecção precoce do câncer de mama pode também ser feita pela mamografia, quando realizada em mulheres sem sinais e sintomas da doença, numa faixa etária em que haja um balanço favorável entre benefícios e riscos dessa prática (mamografia de rastreamento).

A recomendação no Brasil, atualizada em 2015, é que a mamografia seja ofertada para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Essa é também a rotina adotada na maior parte dos países que implantaram o rastreamento do câncer de mama e tiveram impacto na redução da mortalidade por essa doença.

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