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Entrevista:

Contribuições à inovação na agropecuária brasileira

Nesta entrevista exclusiva, conversamos com a Prof.ª Drª Priscila Vanessa Zabala Capriles Goliatt, uma figura notável na comunidade acadêmica e científica. Professora Adjunta no Departamento de Ciência da Computação da UFJF, Professora Permanente na Pós-graduação em Modelagem Computacional da UFJF, Professora Conselheira do Time Enactus UFJF e Embaixadora do Supercomputador Santos Dumont, sua contribuição para a ciência e a academia é vasta e inspiradora.

Professora Permanente na Pós-graduação em Modelagem Computacional da UFJF

Sobre a Prof.ª Drª Priscila Caprilles:

 

A Prof.ª Drª Priscila possui Bacharelado em Ciências Biológicas Modalidade Médica pela UNIRIO, Mestrado e Doutorado em Modelagem Computacional pelo LNCC, e Pós-doutorado em Modelagem Computacional na UFJF. Além disso, ela foi Vice-diretora Executiva (2018-2021) da Fadepe, evidenciando sua experiência em gestão e liderança.

 

Projeto de pesquisa: sistema inteligente para contagem automática de suínos:

 

A Prof.ª Drª Priscila coordena um laboratório de modelagem computacional aplicada, com diversas linhas de pesquisa, todas envolvendo modelos computacionais. Trabalham para resolver problemas nas áreas de saúde, engenharia e empreendedorismo. As ações resultam em impacto na sociedade, seja através de parcerias com empresas, impacto ambiental ou colaborações com prefeituras para melhorar a saúde, educação e mobilidade urbana. Também mantêm laboratórios na área da saúde, pesquisando novos medicamentos para tratar doenças como câncer, Alzheimer e Parkinson. Dentro do grupo, há várias parcerias na área de agronegócio e saúde animal. A pesquisa do sistema inteligente para contagem automática de suínos visa fornecer melhores subsídios aos produtores, reduzindo as perdas durante a produção.

No contexto do embarque de suínos, a contagem automática tem uma relevância significativa para a saúde animal e a vigilância sanitária. Os produtores precisam garantir não apenas o número de animais embarcados, mas também o horário de entrada no caminhão para chegarem à região de abate, além de assegurar que todos cheguem vivos ao destino. Em casos de óbitos durante o transporte, a Vigilância Sanitária necessita investigar as causas.

Atualmente, o processo de contagem é manual, o que pode levar a erros e perdas. Durante o embarque, os animais podem entrar e sair do caminhão, tornando o controle ainda mais desafiador. No entanto, por meio de câmeras de monitoramento e inteligência artificial, é possível automatizar o processo. O processamento de imagem das câmeras, posicionadas na área de embarque, permite registrar o horário de entrada, a quantidade de suínos e até mesmo identificar o caminhão em que foram transportados.

Essa automação é fundamental para evitar a perda de animais durante o transporte. Em caso de inspeção mais profunda, se um caminhão precisar ser retido, isso pode resultar na perda de toda a produção, o que acarreta prejuízos significativos para os produtores. Cada perda aumenta o custo final dos suínos remanescentes. Com um controle mais preciso, não apenas os preços finais são reduzidos, mas também a qualidade da carne é aprimorada, pois os animais chegam ao abate em melhores condições, sem o estresse adicional de inspeções extensivas da Vigilância Sanitária.

 

Desafios e dificuldades do investimento em pesquisa

 

A pesquisa enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de convencer as empresas sobre o retorno do investimento em tecnologia. A Prof.ª Drª Priscila destaca que hoje em dia existem diferentes frentes de fomento. Nesse projeto específico, o financiamento veio da própria empresa, que tinha interesse no desenvolvimento de tecnologia própria.

“A maior dificuldade que a gente enfrenta hoje em dia é conseguir convencer as empresas de que, investindo nas novas tecnologias, o valor investido se paga em um curto prazo. Essa tecnologia vai aumentar a eficiência e reduzir as perdas.” destaca. “É preciso conseguir ampliar essa aproximação entre as empresas e a universidade, mostrando como esta pode contribuir para toda a cadeia produtiva e prestação de serviços”.

A pesquisadora também explica sobre as diferentes fontes de fomento existentes hoje em dia. Existe o fomento de empresas, das agências como CNPQ, Fapemig, Capes, e também o fomento direto do governo, através de convênios e parcerias. A universidade pode contribuir em diversas áreas, como no desenvolvimento de tecnologias para prefeituras, o que resulta na diminuição dos custos de produção e no aumento da eficiência. “Hoje a universidade tem oportunidade de oferecer para cada empresa uma tecnologia que vai se adequar ao problema que elas querem resolver”, destaca a Prof.ª Drª Priscila.

 

A Importância da Fadepe na Inovação Tecnológica:

 

A pesquisadora destaca que, no contexto brasileiro, a agropecuária e a agricultura desempenham um papel crucial na economia do país. É fundamental mostrar o potencial da universidade em gerar tecnologia para auxiliar nesse processo. Embora o Brasil seja um grande produtor rural, muitos pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades para acessar essa tecnologia, que geralmente é desenvolvida para grandes produtores e possui um custo elevado. A Fadepe desempenha um papel importante ao aproximar a universidade desse público, oferecendo soluções tecnológicas adaptadas à realidade e ao orçamento desses produtores.

“É essencial ressaltar que a universidade não busca competir com as empresas, muitas das quais foram criadas dentro do ambiente acadêmico, incluindo startups na área. Em vez disso, a Fadepe atua na gestão administrativa dos projetos e pode colaborar com a Universidade, especialmente o Critt, no sentido de ampliar a divulgação, criando uma vitrine que exponha todas as tecnologias e inovações desenvolvidas“, aponta a Prof.ª Drª Priscila. Essa abordagem visa proporcionar um acesso mais amplo e democrático à tecnologia, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário brasileiro.