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Entrevista:

O protagonismo negro na Educação

Tivemos o privilégio de entrevistar a Pró-Reitora de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – IF Sudeste MG, Rosana Machado de Souza. Nesta conversa, ela compartilhou detalhes sobre o programa de extensão “O Brasil é o café e o café é o negro”, os desafios e avanços das mulheres no cenário acadêmico e a relevância da Fadepe no apoio a projetos universitários.

Rosana Machado de Souza, Pró-Reitora de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – IF Sudeste MG

Sobre a Pró-Reitora Rosana Machado de Souza

Rosana Machado é Mestra em Artes, professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) e atualmente atua como Pró-Reitora de Extensão do IF Sudeste MG. Além disso, é membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do IF Sudeste MG – Campus São João del-Rei, presidente da “Comissão Permanente de Desenvolvimento e Acompanhamento dos Processos de heteroidentificação étnico-racial”, Vice-Coordenadora da Regional Sudeste (2020-2022) do Consórcio Nacional de NEABs, NEABIs e grupos correlatos (CONNEABs), e faz parte do Fórum Nacional de Performance Negra e da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) – ABPN.

A importância de ações que buscam o protagonismo negro

O programa de extensão “O Brasil é o café e o café é o negro” visa apoiar o desenvolvimento dos NEABIs do IF Sudeste MG, criando espaços para ações que promovam a visibilidade da contribuição da população negra para a sociedade brasileira, especialmente na cadeia produtiva do café. Esses espaços são construídos por meio do diálogo com diversos segmentos da sociedade, incluindo pequenos produtores, cooperativas, famílias, jovens e escolas públicas.

O NEABI é uma instância que promove ações de Ensino, Pesquisa e Extensão relacionadas às identidades e relações étnico-raciais e ao combate ao racismo.

Na visão da Pró-Reitora Rosana Machado, o fortalecimento dos núcleos de estudos afrobrasileiros e indígenas é essencial para promover uma educação mais inclusiva e para combater as desigualdades históricas.

A Pró-Reitora Rosana Machado destaca que, neste projeto especificamente, a obtenção de recursos se deu por meio de uma emenda parlamentar da deputada federal Áurea Carolina. “Essa sempre foi uma reivindicação, mas não tínhamos recursos próprios. A emenda permitiu o fortalecimento dos núcleos e hoje, 7 das 10 cidades do IF Sudeste participam do programa.”, destaca a Pró-Reitora. Um dos grandes diferenciais do programa é a sua estrutura composta por diversos “subprojetos”. Com os recursos obtidos, o programa conseguiu realizar 28 ações, abrangendo projetos, eventos e cursos. Esses recursos também foram destinados ao pagamento de bolsas, diárias e material.

“Temos buscado uma via de diálogo mais constante com os parlamentares, para conseguirmos recursos tanto para as áreas finalísticas, que visam ações para o tripé pesquisa, ensino e extensão, quanto para a área meio: obras, compras de equipamentos permanentes, veículos, dentre outros.” ressalta a Pró-Reitora Rosana Machado. “Essa ainda é uma grande dificuldade. O Brasil passou por um período de corte de recursos para a Educação. Além disso, os Institutos Federais fazem parte de uma estrutura relativamente nova, não possuem a mesma visibilidade e reconhecimento que a Universidade possui. Com isso, sofremos com a dificuldade extra de não nos reconhecerem como instituição apta a receber e executar recursos.

Desafios e avanços das mulheres no cenário acadêmico

A Pró-Reitora Rosana Machado compartilha suas reflexões sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no contexto acadêmico, destacando o papel do machismo estrutural na perpetuação das desigualdades. Segundo ela, embora o número de pesquisadoras seja considerável, as dificuldades para obter recursos para suas pesquisas são significativas.

A realidade educacional ainda é muito cruel com as mulheres“, enfatiza a Pró-Reitora. “Existem pouquíssimas mulheres ocupando cargos de gestão, seja em cargos eletivos ou de confiança. Essa é uma das consequências do machismo estrutural que permeia o Brasil.”

Como mulher negra, Rosana Machado destaca a dupla exclusão que enfrenta. “Se olharmos o número de mulheres negras ocupando cargos de gestão, é muito baixo. Ainda somos subrepresentadas nos espaços. A população negra não alcançou o mesmo patamar na educação, e isso se reflete nos cargos de gestão. Levando em consideração os marcadores de gênero e raça, a divisão ainda não é equânime.”

A Pró-Reitora ressalta que sua posição atual como gestora, ocupando o cargo de Pró-Reitora de Extensão, lhe proporciona um acesso privilegiado. “Foi desse lugar, enquanto gestora, que veio a proposta para a emenda parlamentar”, explica. No entanto, ao falar especificamente sobre a extensão, ela observa uma percepção mais positiva. “Tenho notado um número maior de mulheres, em crescente aumento, com acesso ampliado aos recursos”, conclui.

Parceria com a Fadepe: impulsionando o potencial do IF Sudeste MG

A Pró-Reitora Rosana destaca a importância da parceria com a Fadepe, ressaltando o papel fundamental que desempenha no apoio aos projetos e na melhoria dos processos internos da instituição.

“Nossa instituição ainda não possui a cultura e a expertise necessárias para celebrar contratos de projetos”, observa a Pró-Reitora. “A Fadepe tem sido fundamental tanto nos projetos em que atua como fundação selecionada quanto nas ações de aprimoramento de nossos processos internos.”

Ela enfatiza que a Fadepe possui um potencial ainda maior para apoiar o IF Sudeste MG na prospecção de recursos. “Os institutos federais enfrentam desafios significativos na captação de recursos externos”, explica Rosana Machado. “A Fadepe pode nos auxiliar ainda mais na identificação e prospecção de editais e projetos para a captação de recursos destinados aos nossos professores, técnicos administrativos em educação, e demais colaboradores.”

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